Doença de Dupuytren

A doença de Dupuytren é uma condição de origem desconhecida que afeta tecidos (as aponeuroses) cuja função é proteger músculos, nervos e vasos. Por razões que não são bem compreendidas, esses tecidos tornam-se espessos e, inicialmente, formam nódulos, resultando em dobras na palma da mão ou nos dedos. À medida que a doença progride, esses tecidos se retraem, causando a formação de “cordas” na mão (freios), o que limita a extensão dos dedos, enquanto o fechamento da mão permanece possível, pois os tendões continuam saudáveis. Em casos mais avançados, os dedos podem ficar fechados na palma da mão. Essa condição afeta preferencialmente o quarto e o quinto dedos, mas pode comprometer toda a mão. Geralmente, é indolor.

Essa doença tem, pelo menos em parte, origem genética. Por essa razão, outros membros da família podem ser afetados, com formas variadas da condição. Nos casos mais graves, os pacientes podem apresentar manifestações em outras partes do corpo, como na planta dos pés (doença de Ledderhose), no pênis (doença de Peyronie) ou no dorso dos dedos. Quanto mais cedo a doença se manifesta, mais severos tendem a ser os danos. Em geral, aparece por volta dos cinquenta anos nos homens e mais tarde nas mulheres.

Diversas condições estão associadas à doença de Dupuytren, como epilepsia, diabetes, hipertrigliceridemia, consumo de álcool e tabaco. No entanto, o trabalho manual não é responsável pelo seu desenvolvimento. Por outro lado, a doença pode surgir após um acidente, dependendo das circunstâncias.

Atualmente, não há tratamento clínico eficaz para a doença. O único método disponível é a secção ou remoção do tecido doente. Como a origem da condição é desconhecida, o tratamento cirúrgico, por si só, não impede sua progressão para outros dedos, nem evita a recorrência nos dedos operados. Por esse motivo, raramente se trata as formas iniciais. No entanto, não se deve esperar muito, pois, em estágios avançados, o tratamento é mais difícil, apresenta maior risco de complicações e tem resultados mais limitados. O comprometimento do quinto dedo ou das articulações dos dedos também está associado a piores prognósticos. De modo geral, o tratamento é recomendado quando o paciente não consegue mais apoiar a mão espalmada sobre uma mesa pressionando-a com a outra mão.

As complicações do tratamento estão relacionadas à fragilidade da pele (espessada, mas enfraquecida pela doença) e à proximidade dos nervos e vasos. O aparecimento de inchaço, dor, suor excessivo e rigidez na mão pode indicar algodistrofia, cuja evolução pode levar meses ou anos. Sequelas, como dor residual, rigidez nos dedos, punho ou até no ombro, podem ocorrer. Muitos pacientes são tratados tardiamente, o que pode levar à rigidez permanente das articulações dos dedos, tornando impossível sua completa extensão.

Os tratamentos são divididos em três grupos principais:

  1. Secção das cordas com bisturi ou agulha: técnica inicialmente proposta por Dupuytren. Simples e de rápida aplicação, pode exigir o uso de órtese para estender o dedo por várias semanas. O risco dessa intervenção é o possível dano a vasos, nervos ou tendões. Indicada quando a brida é superficial e localizada sob a pele, não é adequada para todos os pacientes. Esse método apresenta maior taxa de recorrência, pois o tecido afetado não é removido.

  2. Remoção cirúrgica das cordas: procedimento que dura entre 30 minutos e 2 horas, dependendo da extensão da doença. A anestesia pode ser local (bloqueio do braço) com sedação. As incisões cicatrizam em duas a três semanas, podendo permanecer espessas por meses. Em alguns casos, parte da cicatriz pode ser deixada aberta para evitar complicações, como hematomas. A reabilitação e o uso de tala para estender os dedos costumam ser necessários. A proximidade com vasos e nervos torna a dissecção difícil, podendo causar formigamento nos dedos por meses. Há risco de danos a nervos ou artérias, e os dedos podem permanecer rígidos, especialmente o quinto dedo.

  3. Remoção das cordas com enxerto de pele: técnica mais complexa e demorada. Recidivas são raras sob enxertos de pele, mas as sequelas estéticas são mais marcantes. Indicada para formas graves ou recorrentes após cirurgia prévia. A cicatrização é mais longa e as complicações são semelhantes às da remoção simples das cordas.

Se o tratamento cirúrgico for indicado, a interrupção do trabalho será de pelo menos um mês, podendo ser maior. Cada paciente requer um tratamento adaptado ao seu caso específico.

Seu cirurgião é a pessoa mais indicada para esclarecer qualquer dúvida antes e depois do procedimento. Não hesite em consultá-lo antes de tomar sua decisão.